quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Ana, vítima de violência doméstica

Mio, a engenheira de um plano quase mortal

Faz hoje uma semana que toda a gente me pergunta “Ai, tens o olho negro?”. De início ainda me diverti a contar como acontecera a situação que me levara a ter um olho negro perante as expressões de descrença de algumas pessoas que garantidamente que já me viam como vítima de violência domestica em fase de negação.

Rapidamente, passei da fase de achar piada a contar a história à de já não posso mais ouvir isto nem me apetece explicar como aconteceu. Assim, quando alguém me aborda, com os olhos muito abertos transbordantes de incredulidade, e diz: “Ai, tens (tem) o olho negro?” limito-me a confirmar com um aceno com a cabeça e a acrescentar: “dá mesmo mau aspeto não dá” enquanto o questionador afirma com uma expressão muito séria que a mim só me dá vontade de rir.

É verdade, tem o olho esquerdo roxo! A pálpebra superior e toda a zona acima da sobrancelha fincou inchada e dorida e, com o passar dos dias, tem vindo a adquirir diferentes tonalidades que têm passado pelo rosa escuro, roxo, roxo rodeado de amarelo esverdeado…

Aconteceu da seguinte forma.

Quarta-feira da semana passada (também conhecido pelo dia da barriga inchada) ia eu a atravessar a cozinha com a taça de cereais equilibrada na mão esquerda a caminho do escritório para ler as notícias enquanto me deliciava com o meu pequeno-almoço super saudável sem açúcar, mel, pepitas de chocolate, enfim… Ao passar pela despensa (zona super perigosa onde a minha gata gosta de entonar a tigela de água mais que uma vez ao dia) jamais penaria que naquele dia ela me tinha preparado uma armadilha. Ah, pois tinha! É que além da água toda derramada passou a corre, cauda espetada no ar tal qual uma antena, mesmo junto às minhas pernas.

Desequilibrei-me e escorreguei na água. Podia ter-me simplesmente deixado cair e ver os cereais espalharem-se pelo chão mas o instinto de sobrevivência dentro de mim levou-me a proteger a taça de cereais como se fosse o último alimento à face da Terra. Deste modo, caí mantendo o cotovelo esquerdo apoiado no chão com o antebraço bem direitinho sem entornar nada. Acontece que a porta da minha despensa é daquelas tipo fole e não estava aberta mas também não estava completamente fechada; estava entreaberta no sítio exato! Conforme a minha cabeça tombou, o cantinho do olho bateu na quina da porta. Com a dor fraquejei deixando o cotovelo escorregar (devido à água entornada pela gata) para baixo do meu corpo e o meu olho embateu completamente na porta. Doeu! Doeu bastante e os cereais ficaram espalhados pelo chão e pela porta também.

Zangada resolvi que ia passar o olho por água fria, comer outros cereais e logo limpava os entornados. Erro! Os cereais entornados que já se encontravam misturados com iogurte (light) secaram e foram verdadeiramente difíceis de os lavar dos recantos por onde se enfiaram.

Agora, digam-me, já que há uma semana que sou observada com olhares de “coitadinha” e visto que realmente fui vitima de violência doméstica por parte de um animal (que trato como uma pequena rainha) deverei recorrer à Associação de Apoio à Vítima?

POIS... DIZ QUE FOI A GATA, DIZ...



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